Lucas Barbosa dos Santos

Guardachuva – Psicologia, Tanatologia e Psicoterapia do Luto®

Luto é um processo complexo que afeta diversas dimensões da nossa vida: emocional, comportamental, cognitiva, física, e espiritual (Doka, 2016).

A avaliação psicológica é uma especialidade da Psicologia e aqui penso na possibilidade da contribuição desse campo para o cuidado ao luto. Sim, é ousado pensar em trabalhar neste âmbito, afinal, o sofrimento advindo de rompimentos de vínculos é mensurável?

O objetivo deste artigo não é dizer qual luto é pior, se existe dor maior ou menor, é mostrar que temos ferramentas úteis na coleta de dados para melhor cuidado e intervenção. “A avaliação psicológica em um contexto de luto pode ser considerada uma adequada ferramenta na apropriação de decisões a respeito do diagnóstico diferencial e manejo clínico” (Pallottino et al., 2019, p. 262).

De acordo com Pallottino et al., (2019), ao longo dos últimos anos, são diversos os instrumentos traduzidos e adaptados ao Brasil e sua população. Importantes para a identificação de sintomatologias e complicações no luto, que deve ser usado para ampliação do olhar sobre o fenômeno como um norteador para a avaliação clínica, ou seja a avaliação é auxílio na conduta terapêutica, não algo taxativo.

Para aplicação de testes psicológicos é importante verificarmos quais testes podemos utilizar (testes psicológicos são instrumentos exclusivos do Psicólogo), para isso temos o https://satepsi.cfp.org.br/.

No Brasil, não temos nenhum instrumento validado até o momento (de acordo com o satepsi),  no entanto podemos nos apoiar no campo da fundamentação científica para aplicação (ver figura abaixo).

Quais instrumentos temos na atualidade?

Para aplicação e uma boa avaliação se faz necessário o apoio da literatura científica e da fundamentação teórica estabelecida. A avaliação psicológica neste campo de atuação é fonte auxiliadora que pode ser realizada por meio de questionários e inventários e entrevista produzindo o fortalecimento de intervenções eficazes. 

Referências:

Delalibera, M. Delalibera, T. A. Franco, M. H. P. Barbosa, A. Leal, I. (2017). Adaptação e validação brasileira do instrumento de avaliação do luto prolongado – PG-13. Revista Psicologia: teoria e pesquisa. 19 (1), p. 94-106.

Doka, K. J. (2016). Grief is a journey: finding your path through loss.New York: Atria.

Lee, S. A., & Neimeyer, R. A. (2020). Pandemic Grief Scale: A screening tool for dysfunctional grief due to a COVID-19 loss. Death Studies, 1–11.

Li, J. Stroebe, M. Chan, C. L. Chow, A. Y. M. (2014). Guilt in bereavement: a review and conceptual framework. Death Studies. p, 165-174.

Moura, C. M. (2006). Uma avaliação da vivência do luto conforme o modo de morte. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília. 

O’Connor, M.-F. Sussman, T. J. (2014). Developing the Yearning in Situations of Loss Scale: Convergent and Discriminant Validity for Bereavement, Romantic Breakup, and Homesickness. Death Studies, 38(7), 450–458.

Pallottino, E. Rezende, C. Jacobucci, N. (2019). Avaliação psicológica com indivíduos enlutados. In: Borsa, J. C. (Org.). Avaliação psicológica aplicada a contextos de vulnerabilidade psicossocial. Vetor. p. 259-275.

Paris, G. F. Montigny, F. Pelloso, S. M. (2017). Adaptação transcultural e evidências de validação do Perinatal Grief Scale. Contexto Enferm. 26 (1), p, 1-10.

Paris, G. F. Montigny, F. Pelloso, S. M. (2022). Equivalence from the perinatal grief scale to the parental grief scale after the loss of a child. Ciênc. Cuid. Saúde, p. 1-7.

Rocha, J. (2021). Processo de luto: instrumentos de avaliação. In: Gabriel, S. Paulino, M. Baptista, T. M. Luto: manual de intervenção psicológica. Pactor. p. 383-395.

Souza, A. M. Moura, D. S. C. Pedroso, J. S. (2010). Instrumentos de avaliação do luto e suas funções terapêuticas: a experiência em um serviço de pronto atendimento ao enlutado. In: Franco, M. H. P. Formação e rompimento de vínculos: o dilemma das perdas na atualidade. Summus. p. 123-144.

Spuij M, Prinzie P, Zijderlaan J, et al (2012). Psychometric properties of the Dutch Inventories of Prolonged Grief for Children and Adolescents. Clin Psychol Psychother. 19:540–551

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